quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Perdido


        Eu permanecia intacta, pés juntos, firme. Olhando em direção ao horizonte analisava dois vultos cambaleando  Pareciam confusos, perdidos. Estavam sem direção, caminhavam em círculo e pareciam desesperadamente tentar encontrar algo. 
     Haviam escapado de suas moradas. Não se conhecia o motivo, mas podia-se perceber que não fizeram a escolha certa. Aquele lugar que lhes oferecia proteção, conforto e felicidade, havia sido deixado de lado. Cada um tinha a sua própria teoria para o abandono do lugar. Mas seus olhos haviam se fechado para o verdadeiro motivo. Rapidamente me desloquei para perto dos dois. Tudo o que eu queria era fazê-los esquecer dessa ideia maluca e induzi-los a voltar à seus lugares. Proferi algumas palavras. Palavra da verdade. Palavras que não vinham apenas da minha boca. Palavras que há tanto tempo eles haviam seguido. Há tanto tempo suas próprias vozes a confessavam. 
        Mas tudo parecia ter mudado. Suas vozes já não confessavam as mesmas palavras de antes. Haviam sido influenciados. Haviam dado alguns passos em direção daquele caminho que tanto se esforçaram para manter-se distante antigamente. Minhas palavras já não adiantavam mais, só o que restava era a oração. Decidi me calar. Passo a passo fui me afastando daquele lugar confuso e voltando ao meu lugar. Firmei meus pés ali. Olhei novamente ao meu redor. Vultos caídos, outros tropeçando, sem rumo, sem direção, sendo enganados. Ei, e aqueles que estavam ao meu lado? Onde estão? Já não se encontrava respostas para esse tipo de pergunta. Tamanha tristeza tomou conta do meu ser naquele instante. Fechei os olhos desejando nunca mais presenciar aquele tipo de cena.

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